Meu Felipe

Ele vinha meio encabulado, como se tentasse esconder seus enormes, profundos olhos castanhos, com toda a tristeza que só eles sabiam mostrar
Puxava pela mão o irmãozinho que agora é um menino magricela e irrequieto, de olhar furtivo, mas intenso.
Ele vinha do fundo da minha memória que desconhece como, agora aos 21 anos, ele anda, como sorri, qual é o tom da sua voz. Será que ele caminha olhando pra o chão, como o pai dele fazia?
A saudade me dói tão fundo que quase não posso vê-lo. Talvez porque se o visse ele, nos seus novos caminhos, nem me quisesse encontrar. Talvez porque meus olhos nem tão grandes nem tão profundos estejam embaçados da melancolia de tê-lo perdido.
Esteja onde estiver, esse homenzinho vai morar pra sempre na imagem que pude reter dele, fragmentada e eterna. Com seus enormes e profundos olhos castanhos.