Tuesday, January 24, 2012

Curta reflexão sobre o abraço: tirada do fundo do baú


Estava em busca de um papel antigo e , como sempre, achei outros que não procurava. Entre eles um diário, caderninho de capa dura, que usei durante meus primeiros anos nos Estados Unidos. Nele, em meio a anotações de uma aula de literatura espanhola, em 26 de outubro de 2000, encontro esta notinha, que eu reproduzo abaixo quase na íntegra. Eu prenchi as lacunas oferecidas por meu manuscrito torto. Preencher lacunas, aliás, é criação de memória, mas espero não ter alterado demais o que, naquele momento, buscava expressar.

Queria começar uma história com: “Trocamos um longo e mudo abraço…”. Mas reflito que nenhum abraço é mudo. Pode conter, no gesto em si, um milhão de palavras. Pode suprimi-las, substituí-las, representá-las, evitá-las ou, quem sabe, motiva-las.  Pode, sem dúvida, inspirá-las. Um abraço não prescinde de palavras, mas contém linguagem; uma que se aprende e se apreende no ato de abraçar ou no sentimento abissal de sua carência. A sábia Raquel, mulher que abraça o mundo, diz que há gente que não sabe abraçar. Seria eu uma delas, minha brava irmã? Pois então quero ser aprendiz de abraço. De abraço que não é só envolver os braços em torno de alguém ou se deixar envolver por braços alheios.

Um abraço (de eterna aprendiz) a todos!

1 comment:

Raquel Ribeiro said...

Sábia? Não, amiga, menos, muuuito menos! Curioso como a gente registra bem as falas dos outros – e quase sempre esquece o que disse. Confesso que não lembrava dessa, mas me identifico prontamente. Dar dois beijinhos é fácil, pois indica carinho-de-pura-fachada; mas abraço é encontro verdadeiro. Não vale abraço de braços: tem de ser de corpo inteiro. O abraço sem medo consola, festeja, encoraja, aproxima, ameniza os sentimentos ruins... Viva o abraço!