Wednesday, August 4, 2010

Esse teu olhar...

Observação valiosa, de Renato Rovai, da Revista Forum, sobre a cobertura dos candidatos à presidência pela TV Globo. Diz Rovai:

“A edição é uma das principais armas do jornalismo. Na mão de gente desonesta, transforma um idiota num gênio (ou jênio?) e uma pessoa preparada num imbecil.
Pela edição que o JN fez hoje da participação de Dilma, a intenção é clara. A Globo vai buscar mostrar uma Dilma insegura, de idéias trôpegas.
Pra isso deve selecionar momentos onde sua fala seja menos direta, mais confusa.
Olho vivo no “horário eleitoral gratuito” da Globo. Porque ele é gratuito, mas tem dono.” Pra ver o post completinho entre no blog do autor
É interessante ressaltar a importânica da edição jornalística e, com ela, o papel que uma cobertura jornalística pode assumir no cenário das eleições. Felizmente, creio não ser mais o caso de se temer aquela edição do debate, em 1989, no qual a Globo, desavergonhadamente, destruiu a participação de Lula e, com isso, contribuiu para entregar o país ao bandido Collor e sua gangue (well, eles estavam na gangue, afinal...)

Ainda no mesmo post, Rovai chama a atenção para a estratégia da Globo de mostrar o melhor de Marina Silva. Já que o candidato deles é ruim de doer, levantam a bola da outra candidata que pode complicar o primeiro turno pra Dilma. Aparentemente, o truquezinho sujo já foi usado com Heloísa Helena no passado.

O que a câmera de TV nos mostra é filtrado pelo olhar de alguém. Um alguém que se presta a interesses bem definidos, um alguém que trabalha sob determinada agenda. Como no cinema, o que vemos não é a realidade, mas uma narrativa, uma leitura da realidade.Será que mesmo depois de todo esse tempo de estética de “reality show” o grande público ainda nao tenha acordado para isso?

Seria legal que nos espaços comunitários, nas escolas de jornalismo, nas escolas, em geral, ou nos grupos de jovens dentro dos partidos se abrisse uma discussão desse tipo. sobre a linguagem televisiva, sobre nossa capacidade de questionar a veracidade da imagem. Treinar o olho crítico, aprender a entender as sutilezas (nem sempre realmente sutis) da mídia pode ser interessante. É saudável desconfiar... Olhar de novo, reavaliar. Nada deve ser engolido, assim, passivamente.

Dessa forma, a gente reverteria o poder manipulador da tv platinada e começaria a minar sua influência desastrosa, nociva, na sociedade brasileira. Há vários blogs esta semana chamando a atenção para a gradual extinção da presença do Lula na Globo, por exemplo. Se todos estivermos atentos, esse joguinho idiotizante não pode colar. Não vai colar...

Paz!

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