Tuesday, November 9, 2010

Feira de Frankfurt em 2013: vai dar Brasil!

O Brasil vai ser o país homenageado na Feira do Livro de Frankfurt, em 2013. O Ministério da Cultura ofereceu alguns incentivos em bolsas para editoras estrangeiras interessadas em traduzir obras em português do Brasil para diferentes idiomas. Espero que o esforço se repita em novas edições no ano que vem . A ideia é que mais gente no mundo possa conhecer nossa literatura, contemporânea ou não, o que serviria como um aquecimento para o evento. A feira alemã, que teve a primeira edição em setembro de 1949, e é geralmente considerada a maior em sua categoria no mundo, também nos prestigiou em 1994. O ministério deve aproveitar a nova oportunidade para tentar promover a nossa literatura internacionalmente, pois o momento não poderia ser mais positivo para o país. Este ano, a Argentina foi o país convidado. Uma iniciativa estatal, chamada "Sur", semelhante a que deve acontecer no Brasil, resultou na tradução de 130 escritores argentinos em 154 países.Vamos esperar que o 13 mais uma vez nos dê sorte e que a presença do Brasil na feira seja um sucesso! E que a literatura latino-americana continue  obtendo espaço internacional.

Tuesday, October 26, 2010

Wagner Tiso recria jingle de Lula 89 para Dilma

Emocionante pra mim que vivi intensamente a campanha de Lula em 89 ouvir esse jingle novamente.  Duro demais ter de acompanhar tudo daqui de longe...
Mas com certeza me encheu de energia. Passem adiante! Sem medo de ser feliz. ! Dilma lá

Sunday, October 24, 2010

Amizade e política

Sonhos nem sempre compartilhados...

Eu quero, faz dias, escrever sobre amizade. Quero falar sobre algumas descobertas recentes e esquadrinhar uns pensamentos mais antigos sobre o tema. Ainda não vai ser hoje porque preciso de mais tempo e cuidado pra essa tarefa, mas há algo que anda engasgado, ferindo feito sapato apertado... Desde que a campanha se polarizou entre apenas dois candidatos e que os apoiadores demotucanos resolveram baixar o nível a valer, tenho, claro, recebido mais e-mails relacionados à política no Brasil. Como os que me conhecem sabem das minhas posições políticas, é muito raro que eu receba baixarias. Acho que no começo do ano ainda constava em algumas listas, mas como de imediato fiz questao de responder (reply to all style) contestando as falsas acusações que faziam ao governo Lula e/ou à candidatura de Dilma, minha caixinha de entrada felizmente não teve de testemunhar muita dessa bobagem.

Eu, pessoalmente, quase não produzo material pra enviar aos amigos. Mas algumas semanas atrás vi um artigo, que foi divulgado pelo Viomundo. O material dava conta de licitações irregulares na Educação do estado de São Paulo. O artigo chamava a atenção para o fato de a imprensa não dar bola para os escândalos estaduais, ao contrário do que acontece com relação a tudo o que se refere ao que seja, ainda que falsamente, relacioando ao governo federal.  E  fornecia um material que, se alguém se prestasse a ler, se mostrava muito sério, baseado em fatos não em boatos.  Enfim, a história me pareceu relevante a ponto de eu selecionar uns poucos amigos e familiares (não coincidentemente os que se dizem defensores da moral política e contrários ao- na cabeça deles - escandaloso governo Lula). Incluí alguns poucos eleitores firmes de Dilma pra que eles pudessem divulgar o artigo. Fiz questão de mandar o material com um bilhete justificando a decisão de encaminhá-lo e assegurando que não enviaria outros e-mails.

Apesar dos cuidados, recebi um e-mail irado de um amigo que, em outras circunstâncias, raramente me escreve. Mais que isso, alguém que levava normalmente um tempão pra me responder um e-mail, fosse qual fosse o assunto. A mensagem dele começou pesada, já de cara me chamando de desinformada. Ora, os que me acompanham, de longe e de perto, sabem bem dos meus defeitos. Muitos dos quais apesar de não me causarem orgulho tampouco podem ser simplesmente escondidos. Desinformada, eu diria, não me parece uma atribuição justa. O tom foi chegando ao nível de sutilmente , ou talvez nem tanto, me chamar de burra.

Meu instinto pacífico e o grande carinho que ainda nutro pelo tal amigo me obrigavam a tirar o time de campo. Não sem antes, obviamente, garantir que, sim, sou suficientemente informada e ainda assim apóio a candidatura Dilma e aprovo o governo Lula. E, como já revelado em post anterior, reforçar minha tese de que nem todos, ainda que unidos pelos laços da amizade, sonham com o mesmo Brasil. Esse possivlemtne seria o caso, agora, para nós. Eu, que vinte anos atrás julgava compartilhar o mesmo sonho de Brasil com ele, via claramente que nossos caminhos se separavam. Os e-mails continuaram a vir. Declaração de apoio do Bicudo ao Serra (pancada!), charge de horrível mau gosto do Angeli e eu já estou me preparando pra receber coisa do Jabor, do Magnoli ou do Reinaldo Azevedo...

Contando aqui parece mais leve. Mas tenho de admitir que a coisa me pegou feio. Triste ver um antigo companheiro de luta repetindo o mesmo discurso chinfrim, lugar comum da grande mídia e dos que a reproduzem sem reflexão alguma. Chorei de desilusão. No processo, também fui questionada por familiar próxima e muito amada: Por que você se importa se nem mora no Brasil? Essa acho que doeu até mais do que a pecha de ignorante...Faltou responder à altura. Mas a melhor resposta roubo do meu querido amigo Vitor. Disse ele:  você não está na terrinha, mas a terrinha está em você...

Na mosca, Vitor. O Brasil vai estar pra sempre em mim, sim. Você sabe disso meu amigo-irmão que, apesar de sãopaulino, tem a lealdade de um companheiro alvinegro.  

Pois é... Talvez eu tenha perdido um amigo que, seja como for, continua guardado “do lado esquerdo do peito”. Vou preservar dele a imagem de um jovem que sonhava com um Brasil menos desigual, um tipo de “paraíso terrestre “no qual todo ser humano pudesse comer pelo menos três vezes por dia, trabalhar, amar e, (por que não?) sonhar. 

Fica um video que ilustra aquele tempo e as amizades de  então. Canção da América

Tuesday, October 5, 2010

Eleições

Qual é o Brasil que você quer?

Eu acho que comecei a prestar atenção às eleições muito cedo. Talvez porque na minha infância as eleições eram cercadas de um certo mistério. O tipo de mistério obscurantista típico das ditaduras, mas que ainda assim me causava impressão. Afinal, eu era criança.

Eu ficava encarregada de asssitir ao programa eleitoral gratuito na TV, que todo mundo odiava. Pela limitadíssima biografia apresentada (a Lei Falcão apenas permitia a foto do candidato, seu número e poucas sentenças que resumiam seus “ideais”), eu escolhia os candidatos nos quais minha mãe deveria votar. Meu pai não aceitava minhas sugestões e nunca tive total certeza se minha mãe, de fato, acatava meus conselhos. Mesmo assim, do alto dos meus 11 anos, eu levava esse “trabalho” muito à sério. O primeiro critério era que o candidato fosse do MDB, claro. Por alguma razão que eu não entendia muito bem naquela época, a Arena não estava do nosso lado. Em retrospecto, penso que este era o único período em que eu e meu pai estávamos no mesmo time, politicamente falando. Isso porque, felizmente, nem todos os conflitos que tivemos ao longo da vida nos separaram em nossa comovida lealdade ao Timão.  Mas essa história daria um outro post, e dos gigantes, como, aliás, me é característico.

Voltando às eleições, acho impossível explicar ou tentar reproduzir os sentimentos que me tomaram durante a Campanha das Diretas Já. Eu me lembro saindo do trabalho, que ficava na Rua Boa Vista, no centro de São Paulo, e chegando na Praça da Sé. Um caminhão de som tocava Refazenda, na voz do Gil. Era como se todo mundo lá estivesse do mesmo lado. Eu me sentia jovem, zen, plena...
Do mesmo modo, nunca serei capaz de traduzir em palavras meu desapontamento, a dor de ver o sonho das Diretas Já sufocado numa noite, por um congresso tacanho e interesseiro. O que eu não sabia é que ainda tinha muito que chorar. Porque então veio a minha primeira campanha para presidente, a de Lula, claro. Os comícios, a cumplicidade com meus amigos, e a energia da nossa juventude fizeram daquele ano um marco na minha, até aquele momento, curta existência. Por isso, dá pra calcular o tombo quando Collor foi eleito. Tristeza, raiva, estranhamento... Comecei a achar que não valia a pena, que cada povo tinha, sim, o governo que merecia e que o meu, um povo alegre, batalhador, cheio de ginga, merecia um playboy arrogante, “um filhote da ditadura”, como Brizola brilhantemente o definiu. Sofri muitas outras derrotas. Eu costumava dizer que esse era meu destino em política: perder, perder sempre. Perdia com dignidade, é verdade, mas estava cansada de perder.

Os deuses não me quiseram dar a alegria de estar no Brasil e votar para Lula quando ele finalmente se elegeu em 2002. Chorei muito, mas dessa vez de alegria; alegria reprimida pelos anos de espera, mas alegria legítima, escancarada. Arrumei umas brigas com alguns brasileiros aqui nos States, fui tachada de “radical” um termo que, naquele momento, não me impressionava mais. De qualquer maneira, algo mudou entre minha visão dessas pessoas e a que tenho hoje dos eleitores de Marina; mudou muito.

Não estou dizendo que os meus críticos de 2002 sejam os mesmos que apoiaram a candidata do PV. O que quero dizer é que, naquele tempo, eu achava que havia um grupo de pessoas que se arrepiava diante da vitória do Lula porque temia um governo socialista, fundamentalmente de esquerda. Mas então Lula se mostrou um pragmático, fez algumas alianças que até me revoltaram o estômago, e demonstrando uma habilidade política espantosa garantiu um crescimento econômico inusitado e, ainda assim, estável. Muita gente, pela primeira vez, saiu da linha de pobreza e passou a figurar nos índices dos consumidores.  E, mesmo assim, os detratores não reconheceram o esforço, a flexibilidade que, se dizia, um governo Lula jamais teria.  Bem, talvez não fosse esse o problema.

Depois das eleições de domingo, bate de novo esse desejo de entender qual era (ou qual é) o problema. Óbvio que numa democracia as pessoas podem pensar o que quiserem. Li num blog, outro dia, alguém dizendo que gostava do governo Lula, mas não votaria na Dilma porque era contra um mesmo partido ficar tanto tempo no poder. Claro que ela leu meus pensamentos no que toca ao governo de São Paulo. Eu acho que é mais do que hora de o PSDB zarpar do Palácio dos Bandeirantes. Mas se eles estivessem fazendo um trabalho decente, confesso que a continuidade não seria o problema. Continuar algo mau é o problema.

Na mesma linha semântica vem a interpretação dos excelentes números da Marina. Tenho ouvido ad infinitum que os votos vieram do eleitor que busca o novo... Cheguei mesmo a ler algo como: Marina representa o “pós-moderno”, o que de cara me soa a fraude, a falta de assunto. Então permanece a pergunta: quem são os eleitores de Marina? Trata-se daquele que quer mudança simplesmente pelo valor intrínseco desta? E, nesse caso, vendo a composição do PV e a absoluta falta de substância e consistência de seu programa de governo, sem contar o flerte descarado entre Gabeira e Serra, nem o mais inocente dos eleitores argumentaria que se trata do partido da “mudança”.

Será esse eleitor, aquele, como alguns amigos meus, que se dizem traídos por Lula? E este é um caso interessantísimo. Porque eu percebo agora que eles esperavam do Lula algo diferente do que eu. Resumindo, pra não tornar esse texto um calhamaço digital, vou ao ponto: eu percebo agora que o Brasil que eu desejo não é o mesmo que muitos dos meus amigos, que no passado batalhavam na mesma trincheira que eu, desejam. Vai ver que classe social fala mesmo alto na alma dos eleitores. Vai ver que por vir de uma classe média baixíssima, meus pontos em comum com meus amigos classe média alta (e daqueles que se pautam pelos valores desta classe) se tornaram irreconciliáveis quando de fato tivemos um governo de esquerda.

Será que é essa a charada? Era legal exibir no peito a estrelinha do PT lá nos anos 80 quando a proposta de inclusão, de um país para todos os brasileiros, era só um sonho juvenil. No fim do dia, era voltar pra casa e encontrar a comida gostosa e a roupa passadinha que a empregada (essa santa) deixava à sua espera. Muito legal discutir política na sala fresquinha pela limpeza que a diarista forneceu a preços módicos. Muito legal lutar pelos direitos dessa mulher que agora chacoalhava no transporte público e sumia das nossas vistas e do nosso radar até a próxima faxina.
Numa das últimas “discussões”, com amigos que se recusavam a votar em Dilma, ouvi a máxima: “Lula acabou com a classe média”. Oops... mas não é o contrário? Não temos, agora, uma classe média maior? Pera aí, cara-pálida, acabaram com a “sua” classe média? Ah, claro, em vez de brigar por melhor infra-estrutura nos aeroportos brasileiros para evitar tumulto e atraso, melhor a gente continuar evitando que pobre possa viajar de avião, né?

O eleitor de Marina não é , necessariamente, o ecologicamente consciente. Talvez nem seja na maior parte o religioso que quer na presidência alguém que tenha boas (e conservadoras)  relações com Deus. Como li de um jovem que comentava um post do Nassif, o eleitor de Marina talvez seja aquele que tinha um certo pudor em votar no Serra, mas continua tendo medo de votar em alguém que possa, de fato, transformar o quadro social desse país. Eles preferiam se esconder em Marina, porque achavam que ela não ganharia mesmo.
Marina, por sua vez,  pode se esconder agora. Seria nobre, e digno de seu passado político, porém, dar um passo à frente e se posicionar. Como fez Brizola em 89 ao engolir o “sapo barbudo”. Ele sabia que o momento exigia compromisso e isto estava acima de qualquer divisão. Talvez seja isso o que falte a Marina. Quem sabe se ela tiver esse momento Brizola, fique mais difícil para seus eleitores votar em Serra e lavar as mãos. 

Tuesday, September 21, 2010

For you, on your birthday


Would it be enough to say I love you? Would it suffice to repeat that I have never loved someone in the same way? Maybe, in fact, we love each person in a different way. I’m not sure if we are able to love each one with the same intensity, but I was never good in measuring love, anyway.

My love for you is different from every other love I have experienced, because I feel so responsible for you. I admit love has always brought me some sense of responsibility. When I was young I was puzzled by the passage of Saint-Exupéry in which the fox(?) or someone tells the little prince, “you become eternally responsible for the one you captivate” (Forgive me, this is a lousy translation from Portuguese, from a translation from French, and on the top of it there are the inaccuracies of my memory). I remember at first thinking this was beautiful. In the classic sense of love, it seemed to me that we pay love with love. This sounds to me now like the lyrics of a bad bolero; it was different then. A colleague in high school argued that this way of thinking was nonsense. It is not your responsibility if someone loves you. He was a smart guy, although he could not convince me totally.

It took me a couple more years to encounter Carlos Drummond de Andrade, in my opinion the best Brazilian poet. He said something quite different and a lot more poetic. Drummond wrote “Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça...” (Love is a state of grace and no one can pay love with love. Love is given freely). Now my apologies go to the memory of Drummond. It is not my intention to offend his poetry with my poor translation…But I think you got the idea.

My interpretation of it is that we all love, or should love, without conditions. How sad would it be to love someone just under the premise of being loved back? Of course, this, I think, is what we want. But should we always expect it?

I met a Brazilian young man, here in the US, many years ago, who was finishing his doctoral program in Veterinary School. I asked him if he planned to go back to Brazil, to work there. He said he would stay here and work with pets. He was specializing in surgery. According to him, this was a very profitable area. I pointed out a TV reportage I had watched a few nights before, that had stunned me. Some Americans were spending about $25,000.00 to embalm their dead dogs. The simple idea of such a thing caused me thrills… He, in turn, didn’t seem surprised. He told me that a lot of people would spend still more money to save their pets. This is why his professional option appeared so promising. He explained, somewhat compunctious, that a lot of children do not reward their parents’ love with the same affection. In his opinion, this was the reason why some people start to count more on their pets, and hence invest a lot in them. Dogs, he said, are always there for their owners, ready to return their love with an unbeatable enthusiasm. I was suddenly bothered by that and, as usual, could not keep it to myself. You mean that people prefer animals because they can buy their love more confidently? I provoked. Well, I’m sure my interlocutor did not want to go there. I rephrased Drummond’s verses and emphatically defended that one has to love without conditions. There is not some thing like if you love me I will love you. It sounds fair, no doubt, as much as it sounds boring and, I would add, artificial.

If you really read it, one day, without thinking your mom is crazy, remember I love you no matter what. Even if you one day would make me hate the idea of loving you. I want you understand that my conversation with the promising Vet doctor took place before you were born and still I knew that I would dedicate my life to you not expecting you would be the grateful child everybody dreams of. There is something heroic about loving; especially about loving for the sake of it, and maybe this makes the whole thing more interesting and, sometimes, more painful too.

I also struggled with the idea of love as a routine feeling. I’m sure some children do not love their parents. It is hard to imagine, I know, but it may be true to someone. Still harder is to imagine a parent who does not love his/her offspring; and possibly there are plenty of them out there, in someplace. What really interests me is to explore how much we can love and the different ways we can manifest such a feeling. You will see that some people can be crazily weird and, honestly, I don’t buy the idea of violence as “a way of love”. Yeah, I favor some ways of love, especially the non violent ones.

I like to think that love liberates us, instead of imprisoning us in a web of etiquette and obligations. I want, as a matter of fact, just to tell that I love you because you amaze me; because I love to look at you; to listen to your long stories and to pay close attention to your questions, even when I have no idea what to reply. I love your little idiosyncrasies, although they can annoy me a good amount too. I hate to see how detail-oriented you are and how this resembles me in an awful way. At the end of the day, however, I love you more because my defects in you are so much more palatable. I’ll do all possible so you can love me back, always. Even though, you know, you don’t have to.

Happy birthday, my dear boy, love of my life.

Tuesday, September 14, 2010

Portuguese language and cinema

Unfortunately, this opportunity has no money involved. However, may be of interest for those in search of getting more involved with Portuguese language and learning about the film making process. Check it out:

Academy Award nominated social documentarians are looking for
Portuguese speakers to translate rare interviews and video
footage shot in Vila Aliança.

We will provide dvds or an FTP site with video clips posted and
will need a word document with the translations in English. No
prior film experience necessary. However, if you have a desire to
learn more about the filmmaking process, there will be an
opportunity to become more involved as an intern learning logging
and assisting our editor as we cut the 15 minute trailer. We will
be looking for production interns once we begin the next phase of
production.

This is an unpaid internship with practical on the job training
and potential for growth as we secure more funding. Looking for
candidates who can start immediately as our deadline for the
trailer is in October.


Documentary film synopsis:

The rivalry of Brazil’s drug lords in the impoverished slums,

known as * favelas*, have kept the country’s peripheral urban

neighborhoods in a constant state of war. In 2008 alone, Rio de

Janeiro lost over 1,000 youth under the age of 24 to violent

death, many on public streets, and the drug lords wield such

power that they have been known to burn buses in retaliation

against the police, bringing public transportation to a halt.

Out of the deeply troubled *favela Vila Alianca *in Rio comes the

story of three adolescents trying to escape the captivating

allure of the drug trade, with the help of their mentor Samuel

Muniz de Araujo, or *Samuca*, who was once one of the most wanted

criminals in the city. After serving almost ten years in the

brutal Brazilian penitentiary system for kidnapping, Samuca has

turned his life around to become a community leader, educator and

social entrepreneur, with a god-given vision to emancipate the

kids enslaved to the drug lords, and bring the plight of the

*favelas* to the rest of the world.

This feature-length documentary follows the riveting story of how

Samuca strives to save young adults from the slum where he lives

by teaching them to become musicians, visual artists, and

entrepreneurs, at the school he founded. Over the course of one

year, we follow the journey of these kids and their mentor, as

they overcome the challenges of brutal street life to produce a

powerful musical and artistic expression about a community rarely

seen on film with such intimacy and unflinching truth.


Please email your resumes and availability to jvogelson@gmail.com.

Sunday, August 29, 2010

O que teria acontecido a Tininha Hortelã?

Uma personagem adolescente, quinze anos depois

Em 1995, Tininha Hortelã nascia. Mas não era uma recém-nascida, no sentido literal da palavra. Tinha 13 anos e muitas ideias. A personagem surgia da união da minha vontade de escrever ficção com a necessidade (também minha) de fazer frente ao personagem masculino da revista, Ed Mosca. Que reinava absoluto num meio cujo o público leitor, se compunha, na maioria, de meninas. Nunca entendi muito essa obsessão das mulheres em saber o que pensam os homens sobre nós, mulheres. E, de fato, sempre duvidei que as revistas, ou jornais, soubessem exatamente o que seus leitores desejavam. Mas o sucesso do Ed Mosca era inegável.

Eu sabia, no entanto, que a Carícia, pelo menos naquela fase, não se propunha a ser uma pré-cosmopolitan, digo, uma revista Nova mirim. Por isso me irritava que tivéssemos um personagem que, apesar de engraçado, fosse tão caricaturalmente machista. Célia Cassis, minha redatora-chefe de então, foi por assim dizer a madrinha de Tininha, apesar de fã do Ed Mosca. Ela poderia simplesmente ter recusado o espaço que eu precisava para publicar as historinhas, mas comprou a ideia e só por isso Tininha teve acesso a suas pequenas (o formato da revista era o de um livro) duas páginas mensais.

Muito do que não acontece na imprensa, em geral, incluindo a chamada imprensa de variedades, é menos culpa do bam bam bam, dono do empreedimento jornalístico, do que do repórter, do editor. Há uma espécie de auto-censura, meio admitida, um tanto estimulada, pra se ficar nos limites do seguro (e do afável) com seus superiores. Célia, felizmente, nunca jogou nesse time. Já vi muita gente se adiantando ao editor e reforçando práticas discriminatórias ao cortar falas de entrevistados -- sem contar os próprios-- e justificando pra si, e diante dos outros, que a fala, a foto, ou seja lá o que for, jamais teria chance de ser publicada. Tudo isso antes mesmo de testar essa possibilidade. Entre os poucos arrependimentos profissionais que carrego, lamento não ter, naquela época, me posicionado mais forte e decididamente em defesa do que eu acreditava.

Outra coisa que me aborrecia sobremaneira era o mantra geral dentro das redações de que a leitora é burra. É preciso explicar tudo ou simplesmente cortar o que parece “complicado”, dizia-se. Como já escrevi em posts anteriores, abomino lugar-comum. E nem preciso dizer que a frase feita é o pão e a manteiga nas redações. Voltando à Tininha, ela queria ser , ou eu queria que ela fosse, cômica, reflexiva, uma menina comum, mas nunca superficial. Queria pintar uma garota inteligente, curiosa e que, como todo mundo, pisava na bola muitas vezes. Algumas dessas pisadas eram analisadas por ela. Uma análise, claro, dentro do repertório adolescente, sem grandes pretensões. Natália, uma ilustradora argentina, radicada há anos no Brasil, criou a cara da Tininha. Um perfil físico que, pelo que lembro, ficava mais ou menos dentro dessa descrição: nem feia nem linda, mas com jeito de quem está sempre antenada, por dentro de tudo.

Algumas das crônicas me encheram de orgulho e eu as guardo com grande carinho. Outras são apenas OK. Mesmo assim, o desafio de produzir a Tininha e ter de me colocar na pele de uma adolescente quando eu já entrava nos meus trinta, foi uma experiência marcante. De alguma forma, eu queria que nossas leitoras se tocassem do poder que tinham. Pode parecer utópico, mas eu realmente acreditava que a Tininha pudesse ser uma referência de agência feminina e adolescente, especialmente para a menina mais pobre, que era o perfil da leitora de Carícia.

A direção da revista Carícia mudou e eu sabia que não poderia ficar lá por mais tempo. Ter como modelo editorial uma publicação americana de segunda categoria não estava nos meus planos profissionais ou pessoais. A revista tomava um rumo que eu não queria trilhar, defintivamente. Tininha continuou ainda por um tempo, mesmo quando eu já não fazia mais parte do time. Com as novas orientações e periodicidade da revista, ela perdeu uma página e foi ficando sem graça. Acabou desaparecendo, como a própria revista, que viveu uma espécie de morte anunciada. Algo até bem comum no meio editorial, pelo menos no brasileiro.

Durante algum tempo, pensei muito em compilar as historinhas da Tininha num livro. O problema é que não tenho direitos sobre minha personagem. Como eu não a registrei, e eu a criei num momento em que trabalhava para a Editora Azul, tudo o que escrevi era propriedade da editora. Incluindo os artigos que foram republicados na versão portuguesa da revista, em Lisboa. Nós ganhávamos uma vez, enquanto os publishers ganhavam duas... Algumas pessoas me sugeriram criar uma sósia da Tininha, com outro nome, mas nunca cheguei a pensar seriamente nisso. Acho mesmo que não conseguiria.

Escrevo tudo isso porque hoje dei pra pensar como seria Tininha Hortelã em 2010. Considerando que ela tivesse uns 13 anos em 1995, hoje ela teria 28, ainda mais jovem do que eu era quando lhe dei “vida”. Talvez ela fosse arquiteta ou veterinária. Quem sabe tivesse uma profissão que nem existia em 1995... Será que ela seria como essas garotas que querem igualdade, mas odeiam ser chamadas feministas? Será que ela estaria solteira, morando sozinha, curtindo sua independência? Ou teria se casado com um colega da faculdade e vivido (ou negado) na prática suas teorias sobre relacionamentos? Já estaria neurótica, preocupada com as pressões do relógio biológico? Se, de novo, eu tivesse que idealizar essa jovem mulher, como é que eu a vislumbraria?

Alguns dos meus primeiros alunos nos Estados Unidos hoje são mais velhos que minha fictícia Tininha. E algumas das minhas alunas são meninas/mulheres que serviriam como grande modelo pra Tininha. São livres, espertas, no melhor dos sentidos, solidárias, empreendedoras, destemidas. Acho que eu queria uma Tininha Hortelã ainda ardidinha, como a adolescente. Rebelde, sem chatice. Especialmente porque aos vinte e oito rebeldia tem que ter fundamento. E estilo, sempre. Se minha “pena” pudesse dar a essa personagem um destino, acho que ela estaria rodando o mundo. Teria conhecido muitos homens; alguns fantásticos, outros que dão aquela ressaca horrorosa no dia seguinte. Tudo conta no final. Ela iria aprender a beber vinho, pelo prazer do paladar e da malemolência boa que vem depois. Seria leitora àvida, amante de filmes e de música. Tininha iria aprender a falar uma língua estrangeria e a dançar flamenco ou a jogar capoeira. E já teria saído, pelo menos uma vez, numa escola de samba.

Puxa, tanta coisa me vem agora à cabeça que o melhor seria escrever uma história em que a Tininha se rebelasse violentamente contra as expectativas de sua criadora. Mas pra mostrar que não sou tão má, talvez eu deixasse a Tininha transferir parte desses sonhos, ou dessa carga, pra irmãzinha dela, a Marcela, ou pra filhinha que a Tininha, um dia, viesse a ter.

Friday, August 27, 2010

Midlife crisis, if you allow me the cliché


It was just a web add, at the right side of the viewer, trying to call the attention of the common internet surfer, I suppose. Like those ads urging you to refinance your house or learn a foreign language. This one, however, got me thinking longer than usual. It was short: something simple and direct, like, if you make less than $45,000 you may qualify for a grant to go back to school. I confess I read the first part with some interest. But, no, I do not qualify to go back to school because I hold a PhD degree. This means I already went back to school. And, still, I do not make the money one could believe such a degree entitles.

Of course, this is nobody’s fault, although the whole financial crisis certainly did not help at all. I don’t think it is even my own fault. Even though, some times, I wonder what I should have done differently to be part of the happy group of high educated people, with stellar careers, impressive résumés and, on the pragmatic line, pretty decent paychecks. Sometimes, most of the time to be honest, I wish I could do better than I have done.

As I mentioned above, it is important to understand that we live in a particular economical recession. Jobs are rare, apparently regardless qualifications. I also know I work with a very specific niche of knowledge. Consider for instance how many people in the US are really interested in literature and language. If this sounds kind of restrictive, imagine if this literature refers to a language that is admittedly a less taught one…

It is no surprise that being in my second career it doesn’t make things easier for me either. On the other hand, if there is any bright side to all of this it is that writing and teaching, respectively essential activities connected to my two dear careers, are the two things I like the most and what I think I do the best. This should be enough to inflate me with hope.

I know that having a nice paycheck is not what makes the biggest part of a professional story of success. I have sweet memories of teachers, when I was growing up in Brazil, who made less than half of what they deserved and, still, were amazing teachers. I remember a woman, my Portuguese teacher, (think about it as your English teacher here in the US), who taught me in sixth grade. Until today she is a source of inspiration, as a teacher and as an example of a human being. She is the first face to come to my mind when I think about someone who is competent, knowledgeable and who truly loved her work.

I also know that after over ten years of teaching Portuguese in the US, the most amazing moments I was rewarded with came from my students. There is nothing more motivating for me to keep going, every school year again and again, to the classroom than the perspective of meeting my former students and getting to know the new ones. I have never received from any institution even a smallest part of what I was granted from students along the years. Every beginning of the semester I struggle with the anxiety of meeting them and at the end of each semester I suffer when I have to let them go. And still, I miss something else…

It sounds selfish, kind of pretentious to think that the world should recognize one’s work. Well, let’s say I never shoot that high. I did start targeting a life different from my parents, that’s true. I knew from very early in life I would not accept the constraints of my childhood surroundings. It was not poverty that scared me but limitation. I just had an unstoppable desire for different perspectives to see and, later, to experiment the world. It took me years to break the walls and it seems that, for very long, for each one I could finally put down another one would present itself in front of me.

It also took me years to lose my Christian ingenuity. I would not be rewarded for being an honest, decent person. Goodness is something to choose and to practice without compensations, divine or human. Love is unconditional after all. If you believe in something that represents your values, go for it; no strings attached, no place in heaven or trophies. This certainty can make one a bit cynical, while can also lead me to believe that we do what we think is right. That is our fate or should be.

I did here what sometimes I do in class… I start teaching a simple verb and when we see we are talking about life, in which rules and conjugations explain nothing. Sorry… Let’s go back to the point, where I will leave you, since I have no answers to my major questions… I wish I could qualify for a school that would turn me into a well-paid, role-model capitalist. Although, I still doubt that I would have the answers.

Wednesday, August 25, 2010

Chorinho in DC

The Brazilian Embassy and the Kennedy Center will host
the Choro Festival, next month. Four Brazilian groups will
perform on September 2, 3, 9 and 10 always at 6pm on the
Millennium Stage, Kennedy Center. No tickets required!

For more information visit the Brazilian Embassy website.

Monday, August 16, 2010

Tiro pela culatra


O tema de hoje na blogosfera de esquerda no Brasil é a tal matéria da revista Época, revista da Editora Globo, do grupo dos Marinho. O conteúdo era previsível.
Ninguém duvidava que a descambada do Serra resultasse em jogo sujo. Alguns, como eu, imaginavam, porém, que a baixaria viesse mais perto das eleições, mas, claro que eles não iriam baixar a guarda e esperar … Só que assim como a série de “entrevistas” do Jornal Nacional acabou mostrando mais claramente o tipo de campanha do PSDB e seu envolvimento com a mídia mais nojenta, a matéria da Época trouxe um outro presente pra os militantes da campanha da Dilma: uma imagem dela, estilizada, com uma leitura pop. A ideia era dar a Dilma uma cara assustadora, de guerrilheira. Mas o que se vê na imagem é uma Dilma jovem, contestadora, destemida… Como a gente quer que ela seja! Então é isso. Passe adiante a imagem. Desde que para uso não-comercial, tá valendo…

Sunday, August 15, 2010

Publicidade infantil é covardia

Aqui em casa temos algumas regras sobre o tempo de televisão que meu filho pode assistir. Também, porque podemos nos dar ao luxo de ter DVR, gravamos previamente os programas que ele mais gosta (e, claro, que aprovamos), assim podemos pular os comerciais de produtos. Um tempo atrás, numa viagem a Chicago, chegamos ao hotel cansados e ligamos a TV . Embora não tivéssemos nos dado conta, aquela foi a primeira vez que André viu uma rodada inteira de comerciais, durante um desenho animado. Eu e meu marido observamos como ele parecia absorto por uma das chamadas publicitárias e ficamos atônitos quando, assim que o tal anúncio terminou, ele se virou pra gente e disse: “Eu quero esse brinquedo!:” Juro que é fato verídico. Poderia constar de um estudo sociológico e, tenho certeza de que não seria o único caso.
Lembro que adorava quando a TV Cultura não tinha comerciais e a criançada podia ver programas de qualidade, sem o lobo da publicidade à espreita. Sempre achei cruel ver a forma acintosa como os programas da Xuxa atiravam comerciais de iogurte, boneca, de qualquer coisa, na face de crianças pobres, que, estou certa, compunham a maioria de seu público.
Por tudo isso, gostei de ver que há um manifesto na net contra essa prática publicitária ofensiva e nociva, que tem como alvo a vulnerabilidade infantil. Mesmo que você não tenha filhos, vale a pena visitar o site http://www.publicidadeinfantilnao.org.br/ , ver o vídeo sobre o assunto e assinar o manifesto. Eu já o assinei. E encorajo meu poucos e queridos leitores a passar a ideia adiante.
Em nome de todas as crianças que você ama.
Paz!

Friday, August 13, 2010

Feminismos e caminhada...

Ontem fui caminhar. Primeiro porque tinha o tempo pra isso, mas também porque bateu culpa por não estar me exercitando. Flacidez é algo que me aterroriza e sei que vou precisar de mais que caminhadas, em bom ritmo, pra enxotar esse fantasma. Seja como for, sempre achei cool ver as pessoas caminhando. Há uma certa aura em quem caminha por caminhar. Gosto da caminhada sobretudo como ritual, que exige até mesmo roupas próprias e acessórios, como um Ipod último modelo, pendendo dos fones de ouvido. De posse da parafernália, o mundo ao redor parece um simples, insosso cenário.

Pois então fui. Faltavam claro os super tênis e a tal roupa que faz do mais sedentário barrigudo um fashionable esportista. Mas eu tinha o Ipod, que me roubou alguns minutos para o ajuste, resultado da minha habitual falta de jeito com os eletrônicos. E, de quebra, levava orgulhosa sobre o nariz meus óculos de sol novos, a la Jackie O. Parti pelas ruas de Dogtown, meu bairro urbano, com seu working class appeal...Se é que a classe trabalhadora tem ou teve algum appeal.

Gosto dos parques. Mas de certa forma me intriga mais andar na rua, vendo as casas, apreciando umas, rejeitando outras. Nos parques vemos personagens de um script similar. Gente andando nas horas vagas pra ficar em forma ou pra ter a sensacão de que um dia vai ficar em forma.Na rua a gente vê o carteiro suando e certamente pensando por que idiotas, como eu, andam por aí de graça, embaixo desse sol insano... Vi um cara descarregando uma caminhonete, uma senhora desperdiçando um tantão de água pra manter o verde do gramado...cenas urbanas, ou quase. O importante mesmo é saber o que eu ouvia naquele Ipod cor de prata: Joni Mitchell. Tenho tentado ouvi-la em casa, nos últimos dias, mas, com o filho de férias, a voz suave da musa e suas canções melódicas nunca parecem ser a melhor trilha sonora. Pelo menos não na opinião dele que, apesar de nem ter completado seis anos, já ousa desafiar nossos gostos musicais....Ou, por outra, imitar os gostos do pai e rejeitar os meus. Acho que é aquela fase de identificacão de gênero (não musical, gênero masculino), que sei eu?

Se tivesse brisa, eu diria que a caminhada, ao som de California..., seria simplesmente perfeita. Não, não havia brisa. Quem já esteve em agosto em Saint Louis sabe do que estou falando. Mesmo assim, eu queria andar e deixar rolar... Let it be (quem sabe eu tenho essa canção aqui, em alguma songs’ list). Por algum motivo, pensar em Beatles, em Joni Mitchell me faz pensar em anos 60. Acho que nunca vou me libertar da sombra desses anos. Tanta coisa interessante acontecendo. Tanta coisa horrível, abominável também acontecendo. Discordo de quem pensa que um período histórico tenha, supostamente, mais acontecimentos que outros. Afinal, vivemos uma boa dose de fantásticos e horrorosos acontecimentos nos tempos que seguem. Nem assim posso ignorar quantas mudanças fundamentais aconteceram quando Mitchell, Dylan, Joan Baez, Caetano, Chico, Gil estavam iniciando suas carreiras.

Tudo isso, mais minha tendência a nunca relaxar, e minha tradicional reflexão de agosto- desde muito tempo, todo mês de agosto, um mês antes do meu aniversário, passo por uma versão pessoal de inferno astral- prenunciavam sabotar minha caminhada. Pois bem, pensava nos anos 60 e em Joni Mitchell e em feminismo. E antes que eu me desse conta já estava trincando os dentes de raiva ao lembrar da declaração metida a engraçadinha da atriz brasileira Maitê Proença que, possivelmente rolando os olhinhos azuis, lançou mão do lugar-comum (mais um)para elogiar os recentes avanços da mulher e, “inocentemente” dizer esperar que os machos selvagens nos salvem da candidata Dilma. OK, a caminhada matinal toma novo ritmo. Essa imbecil global acaba de destruir my cool scene. Não é só o fato de eu odiar lugar-comum, com todas as minhas forças. Não é só o fato de eu achar que a Maitê Proença deveria ficar quietinha e recitar somente o que o script das novelas que ela faz determinar. E, por fim, não é somente porque ela defende o candidato do patrão contra a candidata que eu apóio. Isso seria razão pra eu ignorar as opiniões da bela e ponto. O que de fato me irrita até mais não poder é a apropriação que algumas mulheres (e homens) fazem da luta feminista para distorcê-la, diminuí-la, em última instância ridicularizar algo que muita gente antes delas teve de construir sob as piores condições.Quando são mulheres a fazer isso, incomoda ainda mais a pretensão de algumas ao acharem que, por serem mulheres, estão autorizadas a falar em nome do feminismo. Que feminismo, cara pálida?

Estou certa que os machos selvagens, tão caros à Maitê, podem até sair em defesa dela. Não vou aqui discutir os sonhos eróticos de ninguém. Mas também tenho certeza que eles não vão impedir a vitória da Dilma e o que essa vitória representa. Tem muita mulher por aí que come uma machozinho selvagem por dia no café da manhã.

Há algo sobre o movimento feminista, ou sobre a história das mulheres na vida social, fora do ambiente doméstico, que a Maitê perdeu de vista: por falta de atenção ou por conveniência, pouco importa. Felizmente, nem todo mundo deixou passar este bonde. O bonde, aliás, continua passando. Mulheres que levam a família nas costas, que continuam fazendo dupla jornada, que ganham menos que os companheiros, essas, mesmo sem ter nunca lido uma linha sobre teoria feminista, sabem mais que mil maitês com seus doces olhos azuis.

A apropriação do legado feminista para usos suspeitos não é exclusividade brasileira, claro, e pode ter consequencias mais assustadoras. Falo agora de Sarah Palin, a musa conservadora, que me dá nos nervos mais até que a atriz/”jornalista” do Brasil. Em alguns aspectos, os motivos que inspiram minha raiva são similares. A americana, como a brasileira, é uma reprodutora incessante do lugar-comum. As frases feitas jorram de sua boca em jatos. A previsibilidade, a falta de crítica e de profundidade faz dela um ícone desse tipo de ser humano. Não do sexo feminino ou, como ela agora clama, da maternidade. Uma das suas novas táticas de auto-promoção é, numa tradução grosseira, a da mãe-urso. O que portanto a faz duplamente irritante, além de sua apropriação deslavada (e equivocada) do feminismo, é sua presunção ao definir maternidade. A simples ideia de mãe que ela busca imprimir, com o simplismo de suas “propostas”, com o apelo barato de um shopping tour vespertino, é de enjoar os estômagos mais resistentes. Talvez ainda mais de quem é mulher e mãe.

E melhor voltar minha concentração `a caminhada, porque acabou o CD da Joni Mitchell e agora estou ouvindo Paralamas do Sucesso. Dos anos 60 aos 80, mulheres e mães inteligentes uni-vos contra a estupidez generalizada! Ai que calor!

Sunday, August 8, 2010

Entrevista do Lula

Acompanhar de longe, às vezes, é difícil… Desde que voltei da minha temporada no Brasil, tenho tentado ficar mais ligada no que acontece, embora, claro, a grande mídia continue me irritando terrivelmente. Pela dica da entrevista do Lula, na Isto é, tenho de agradecer a Bruno Ribeiro, que a comenta em seu blog. Vejo que o Bruno é jovem, mas tem muito respeito pelo ofício de informar. Gostoso ver isso. Para uma pessimista como eu, é sempre um alento. Mas voltando à entrevista, clique aqui para vê-la.
Comentários serão muito bem-vindos. E aos pais brasileiros, que a paternidade seja sempre um misto de descoberta, aprendizado e amor.
Axé!

Friday, August 6, 2010

Rosa de Hiroshima

Sessenta e cinco anos atrás, no dia 6 de agosto, a primeira bomba nuclear jamais usada numa guerra foi lançada no Japão, sobre a cidade de Hiroshima, pelos Estados Unidos. Sessenta e seis mil pessoas foram mortas instantaneamente e milhares de outras morreriam depois, em consequencia da exposição ao material nuclear. As sequelas, físicas e psicológicas, foram muitas e duradouras.
Há uma vasta literatura produzida por sobreviventes da bomba e escritores que simplesmente sentiram que deviam incoporar o tema a seus trabalhos. Prometo falar mais sobre isso em posts que virão. Por enquanto, nesses tempos de sanções, de guerras “justificadas”, fica apenas um pedido de silêncio e reflexão em memória dos que morreram e de todos nós que carregamos essa mancha na história da dita civilização moderna.
PAZ!

Thursday, August 5, 2010

1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas

O1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas acontecerá nos dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de agosto em São Paulo, capital. O evento tem o apoio institucional do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a Altercom e o MSM (Movimento dos Sem Mídia).
As inscrições vão até dia 13 de agosto e custam R$100,00 (estudantes de comunicação pagam R$ 20,00). Há também cotas para associações, entidades e indivíduos, os chamados Amigos da Blogosfera, que queiram custear parte das despesas dos blogueiros participantes por meio de cotas de 3 mil reais cada. Até o momento, 19 cotas estão confirmadas. Para inscrições e maiores informações, envie e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou ligue 11 3054 1829.

Passe a notícia adiante! Participe e fortaleça a mídia alternativa.
Abraço

Wednesday, August 4, 2010

Esse teu olhar...

Observação valiosa, de Renato Rovai, da Revista Forum, sobre a cobertura dos candidatos à presidência pela TV Globo. Diz Rovai:

“A edição é uma das principais armas do jornalismo. Na mão de gente desonesta, transforma um idiota num gênio (ou jênio?) e uma pessoa preparada num imbecil.
Pela edição que o JN fez hoje da participação de Dilma, a intenção é clara. A Globo vai buscar mostrar uma Dilma insegura, de idéias trôpegas.
Pra isso deve selecionar momentos onde sua fala seja menos direta, mais confusa.
Olho vivo no “horário eleitoral gratuito” da Globo. Porque ele é gratuito, mas tem dono.” Pra ver o post completinho entre no blog do autor
É interessante ressaltar a importânica da edição jornalística e, com ela, o papel que uma cobertura jornalística pode assumir no cenário das eleições. Felizmente, creio não ser mais o caso de se temer aquela edição do debate, em 1989, no qual a Globo, desavergonhadamente, destruiu a participação de Lula e, com isso, contribuiu para entregar o país ao bandido Collor e sua gangue (well, eles estavam na gangue, afinal...)

Ainda no mesmo post, Rovai chama a atenção para a estratégia da Globo de mostrar o melhor de Marina Silva. Já que o candidato deles é ruim de doer, levantam a bola da outra candidata que pode complicar o primeiro turno pra Dilma. Aparentemente, o truquezinho sujo já foi usado com Heloísa Helena no passado.

O que a câmera de TV nos mostra é filtrado pelo olhar de alguém. Um alguém que se presta a interesses bem definidos, um alguém que trabalha sob determinada agenda. Como no cinema, o que vemos não é a realidade, mas uma narrativa, uma leitura da realidade.Será que mesmo depois de todo esse tempo de estética de “reality show” o grande público ainda nao tenha acordado para isso?

Seria legal que nos espaços comunitários, nas escolas de jornalismo, nas escolas, em geral, ou nos grupos de jovens dentro dos partidos se abrisse uma discussão desse tipo. sobre a linguagem televisiva, sobre nossa capacidade de questionar a veracidade da imagem. Treinar o olho crítico, aprender a entender as sutilezas (nem sempre realmente sutis) da mídia pode ser interessante. É saudável desconfiar... Olhar de novo, reavaliar. Nada deve ser engolido, assim, passivamente.

Dessa forma, a gente reverteria o poder manipulador da tv platinada e começaria a minar sua influência desastrosa, nociva, na sociedade brasileira. Há vários blogs esta semana chamando a atenção para a gradual extinção da presença do Lula na Globo, por exemplo. Se todos estivermos atentos, esse joguinho idiotizante não pode colar. Não vai colar...

Paz!

Tuesday, July 6, 2010

Médici nunca mais

O Tortura Nunca Mais denuncia a existência de uma praça, dentro do campus da PUC- Campinas, que homenageia o ex-presidente/torturador-mor, Emílio Garrastazu Médici. Se você, como eu, considera isso uma afronta, por favor, assine a petição pedindo a imediata revisão desse absurdo.
Vale a pena também ler a placa comemorativa que "explica" a escolha de tal nefasto personagem. Pra saber mais sobre o assunto, veja o post no Conversa Afiada
Para assinar petição, clique aqui. Os autores da petição querem que a praça passe a se chamar Frei Tito, que estava exatamente do outro lado da luta.
Pela atenção, obrigada.

Galeano bate um bolão!

O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, fala sobre futebol, Copa do Mundo e, claro, sobre a atuação da Celeste. Independentemente do que rolar agora, vale a pena ler a entrevista publicada pela Carta Maior.
Clique aqui

Abração e saudações futebolísticas

Monday, May 31, 2010

Triste

Segunda-feira, depois de vitória do Timão, a vida sempre parece mais leve...Mas, aí, a primeira coisa que leio é sobre o ataque do exército de Israel ao navio de pacifistas, que levava ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza. E são eles, desse governo armado até os dentes, os primeiros a exigir sanções contra o Irã...Lamento a dupla moral desse estado e a não condenação veemente e imediata dos Estados Unidos e este ato de violência e desrespeito à paz.
Assim, fica difícil celebrar o 4 a 2 contra os meninos da Vila...Muito triste.

Tuesday, May 25, 2010

Por que o sucesso de Lula incomoda?

Morando nos Estados Unidos há mais de uma década, por um bom tempo eu me acostumei à ideia de ver o meu país mencionado nos jornais americanos em temas quase sempre relacionados a tragédias. O lado positivo, se havia, ficava sempre por conta do turismo, das praias paradisíacas e dos resorts luxuosos que começavam a despontar no nordeste. Também vivi a ironia, amarga, de ver a vitória do Lula de longe, enquanto residia num país governado por George Bush. Achava que merecia ver o Lula vencedor, pois eu o apoiei durante toda a minha vida de eleitora. Aliás, mesmo antes disso.

Em 82, quando Lula se candidatou a governador e não tinha a menor chance contra Montoro, eu não podia votar mas me plantei na porta de casa e distribuí os poucos panfletos que consegui arrecadar com uma professora trotskista, que eu amava.
Por isso, senti não poder estar aqui celebrando a vitória do Lula depois de ter sofrido tanto durante a derrota das Diretas Já em 84 ou a vitória infamante do Collor, em 89. Queria também olhar na cara daqueles que duvidaram dele. Queria rir da Regina Duarte. Queria voltar a acreditar no Brasil.

De longe, ainda, acompanhava Lula e, mais que isso, fui ficando cada vez mais orgulhosa do que via. O Brasil começou a ser mencionado seriamente. O tal do gigante adormecido ia deixando de ser a eterna promessa. Em todo meu tempo fora, nunca vi um presidente brasileiro ser tão comentado. O Lula estava em todas. E ao contrário do que os comentaristas de plantão haviam dito por anos, ele não nos causava embaraço. Ao contrário, baixinho, com aquela voz que não é propriamente doce, o carisma do ex-metalúrgico nos elevava diante do mundo. Meus alunos na universidade começaram a fazer apresentações sobre ele. E olha que eu nunca sugeri o tema.

Mas cada vez que vinha visitar a família e os amigos, eles me olhavam complacentes dizendo que eu não sabia o que acontecia aqui. Pobre de mim, sabia apenas o que a imprensa estrangeira informava. Isso me intrigava tremendamente. Ao que eu saiba, a imprensa estrangeira não tem interesse em nos glorificar gratuitamente. Somos agora parceiros de muitas nações, mas também competidores no mercado internacional.

Evitei comentários porque precisava saber mais. Antes de vir pra cá, em fevereiro, para uma estada de seis meses, tive uma mostra do que me esperava com a ferocidade dos ataques da Folha de S. Paulo à candidata do PT. Achei a coisa de tal maneira grosseira, antiprofissional, mesmo para os padrões já tão baixos da Folha, que resolvi prestar mais atenção. Assim que cheguei, fui acompanhando a grande imprensa e os colunistas, muitos deles pessoas por quem eu tinha certo respeito no passado. Junto com os antigos baluartes da imprensa, vi também monstrengos recentes, como o chamado geógrafo Demétrio Magnoli que, para meu estarrecimento, vinha a público culpar os escravos pela escravidão, entre outras pérolas que me embrulham o estômago só de lembrar. Ai, deus, vi uma capa da Veja com o José Serra em pose de galã e fiquei triste pensando que essa revista ( a mesma que põe chá do Daime e cocaína no mesmo saco) seja talvez a mais lida e conhecida no país...Fiquei envergonhada de um dia ter sido jornalista.
Em pouco tempo, já não admitia que ninguém me viesse com a conversa de que estou fora há muitos anos, portanto não sei o que se passa aqui. Desisti de vez da grande imprensa pátria. Fui em busca de outras fontes, mergulhei no mundo da blogosfera, da imprensa alternativa, fui entender os projetos do governo e também seus fracassos. Percebi que o ranço da nossa burguesia mofada não mudou, mesmo depois de oito anos com um presidente que veio das massas. A arrogância da nossa classe média é algo que merece estudo sério; parece patológica, mas tem raízes históricas que enchem teses por aí.

Muita gente já explicou o fenômeno de rejeição ao Lula e algumas vezes de forma brilhante ( e aqui destaco o Mino Carta, a quem eu costumava achar muito maluco mas que ultimamente tem me parecido extremamente coerente). Na minha opinião, essa “alergia” se resume a algo bem simples até: o brasileiro classe média, preferencialmente classe média alta, e aquele que está bem abaixo mas que aspira ser classe média por simples assimilação, não admite a ideia de que um pobretão seja inteligente, tenha carisma, tenha projeção internacional. O próprio Ferreira Gular (quem diria!) acha que por ter sido pobre Lula não pode gostar de livros . O que ele diria de mim que também fui pobre e amo literatura a ponto de ter feito doutorado no tema. Será que vou ter de me desculpar com o poeta por não seguir o, digamos, determinismo “sociológico”? Ele, afinal, é poeta do século XX, não do XIX...

FHC pode ser metidão, claro, mas um nordestino que até já passou fome devia, na cabeça deles, continuar subalterno, nunca ser estrela; nunca fazer discursos que embasbacam a audiência. Eles devem pensar: onde é que isso vai parar? E eu espero que não pare! Quero ver mais e mais faniquitos, quando um dia, além de pobre, tivermos um presidente negro. Melhor ainda, uma presidente negra. Quem sabe aquele deputado que teve a petulância de dizer que o estupro institucionalizado, que manchou nossa história, foi sempre sexo consensual aprenda alguma coisa de história e de respeito à mulher negra brasileira.

Puxa, eu tenho críticas ao governo Lula, sim, bem sei que as tenho. Mas só o fato de ele ter levado adiante tantos projetos sociais e econômicos fundamentais para o crescimento do país com toda essa gente pesada contra ele, já lhe dá um bocado de crédito e um lugar na história, que lhe é diariamente negado pelas famílias que dominam a comunicação de massa no Brasil. Engraçado que nos EUA, mesmo durante os piores momentos de governo Bush, as pessoas queriam o melhor para o país. Jamais torciam contra. Aqui, os críticos querem mais é ver o Brasil afundar, só pra ver o Lula cair. [Vejam o artigo do Mino]. Pra sorte nossa, o santo do Lula é forte.

Estou aprendendo sobre a Dilma. Descobri que ao contrário do que a Folha (que emprestava carros pra transportar torturadores) diz, ela não é terrorista. É uma mulher séria, que teve uma atuação importante nesse governo e antes dele. Mas pra ser honesta nem preciso saber mais. Por que se a Folha demoniza e o Lula recomenda, claro que minha escolha já está feita.

E aos amigos que se acham o máximo do modelo democrático porque são bonzinhos com suas empregadas domésticas e cumprimentam o zelador e até dão presente de Natal pra ele, vale a reflexão de que a desigualdade social não interessa a vocês. Pode interessar aos barões da imprensa, mas, pelamordedeus, vocês não têm a mesma causa que eles! E viva o Lula!

Tuesday, March 23, 2010

Linguagem do preconceito

Abaixo o jornalismo burro, classista, preconceituoso. Leiam este artigo critico e inteligente!

Tuesday, January 19, 2010

Haiti: MSF Surgical Activities Are Non-Stop; Needs Remain Huge

I donated to Doctors Without Borders. If you haven't helped Haiti yet and are still interested in doing something,please, consider this institution. They have been present at Haiti for a long time and they are proving once more their serious work and commitment.
Haiti: MSF Surgical Activities Are Non-Stop; Needs Remain Huge